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domingo, 26 de janeiro de 2014

"O Chamado do Cuco", por Robert Galbraith (J.K. Rowling)


The Cuckoo's Calling, Rocco, 447, Ryta Vinagre
Sempre me senti atraída por romances policiais, toda aquela busca por respostas e evidencias que, consequentemente, levam tanto o protagonista quanto o leitor a uma resposta, me atrai muito. Na verdade, um dos maiores prazeres que tenho na vida é desvendar um mistério antes mesmo do protagonista; é, eu sei que é difícil de acontecer, ainda mais quando o autor toma um cuidado especial para não deixar que isso aconteça, mas não custa tentar e ter esperança.

Graças a isso, posso dizer que não me senti tentada a ler “O Chamado do Cuco” só por causa de sua autora – obviamente que isso ajudou um pouquinho, mas não vamos falar sobre isso –, mas sim por se tratar da história de um detetive e admito que depois de Sherlock Holmes, preciso ler tudo o que tem haver com detetives, é uma tara, não posso evitar. 

Esse livro, no caso, conta a história de um detetive particular chamado Cormoran Strike, que é contratado por John Bristow para investigar o suposto suicídio de sua irmã adotiva, a supermodelo Lula Landry, que “se jogou” da sacada de seu apartamento causando um grande rebuliço na mídia que repercutiu pelo mundo todo. Depois de se aprofundar na investigação, Strike acaba reunindo evidências que apontam a um assassinato, e a história toda começa a se tornar mais do que aparentava ser anteriormente. Para desvendar esse mistério, Strike conta com a ajuda de sua secretária/assistente temporária, Robin, que possui uma história muito legal que é mesclada junto com a de Strike e de Lula ao longo do livro.

Tenho que confessar que o assassino foi bem óbvio e um pouco clichê, mas como falar mais sobre isso seria spoiler é melhor eu pular para outro assunto.

Uma coisa que me surpreendeu no livro foi à escrita da Rowling. Até então eu só havia lido Harry Potter, e a escrita de Rowling na série é mais delicada, pois os leitores eram crianças e adolescentes e usar uma escrita pesada não seria adequado ao público ou a história em si, portanto achei estranho ver tantos palavrões, pensamentos e diálogos sobre sexo, drogas e coisas assim. Em certas partes da narrativa eu até fiquei meio que boquiaberta com as coisas que li, mas nada que tenha influenciado minha opinião sobre o livro. Confesso que muito disso num livro não me agrada, mas não foi um problema para mim.

Tenho que mencionar a perfeição que foi a mescla das histórias no livro. Ao longo da leitura conhecemos um pouco do passado de Strike e Robin, sem mencionar o de Lula Landry, e, diferentemente de muitos autores, Rowling conseguiu mesclar ambos de um jeito que coubesse com perfeição no meio de toda a investigação que ocorria. Não ficou chato ou fora de órbita, por falta de palavra melhor; muito pelo contrário, enquanto Strike desvendava o mistério eu ia sabendo mais sobre ele sem nem perceber, a mistura foi tão boa que nem me importei de acabar topando com um parágrafo pensativo sobre o passado do protagonista no meio de um interrogatório, simplesmente mergulhei de cabeça e adorei. Nesse quesito a autora está de parabéns!

Ao longo da história somente duas coisas me desagradaram: 1) a conclusão que deixou a desejar e 2) alguns personagens que apareceram.

Robin e Strike se mostraram ótimos personagens, na verdade eu até meio que shippo os dois juntos, pode parecer estranho, mas não consegui evitar, meu lado fangirl não permitiu. Porém, alguns dos personagens secundários, aqueles que foram interrogados por Strike, se mostraram... não sei como explicar, mas não consegui gostar deles.

Alguns foram de um jeito no começo e no fim ficaram diferentes, o que não fez nenhum sentido pra mim. Já outros não foram bem construídos ou apareceram uma vez e foram totalmente esquecidos, e isso me deixou irritada porque eles poderiam ter um potencial importante na história se fossem bem usados, o que não aconteceu.

Entendo que a autora não poderia perder tempo com alguns, mas, ao meu ver, ela poderia ter dado uma chance e/ou se demorado mais em alguns personagens. Seria bom para a história, daria um gostinho a mais, entende?

De qualquer modo não tenho muito que reclamar, a trama foi muito bem planejada e os interrogatórios bem feitos, o final deixou a desejar pelo clichê que foi, eu esperava algo mais ambicioso da parte da autora e não fui atendida, expectativas demais, suponho.

Tenho que elogiar o livro pela realidade que impôs. Ele mostrou como a fama e a imprensa podem ser esmagadores e excruciantes e que nem tudo o que se lê ou se sabe por alguma fonte é verdade. Também mostrou que as opiniões das pessoas podem estar erradas e que se deixar levar por elas pode ser um erro. Trouxe à tona as aparências e que muitas vezes elas podem enganar, e que nem tudo é o que parece ser, que é preciso prestar atenção e investigar para se chegar a verdade. Enfim... apesar dos defeitos foi um ótimo livro, super recomendado; espero que a continuação seja muito melhor e que Rowling dê o devido valor a criatividade que possui, abusando dos talentos que tem.